quarta-feira, 1 de abril de 2009

CORDEL: O ADVENTO ESCOLAR DE UM GÊNERO DA POESIA POPULAR

GESTAR II E A LITERATURA DE CORDEL - Entre as artes da palavra a literatura de cordel é uma das mais expressivas, devido o seu caráter popular, oralizado, repleto de ritmo, bom humor, porém, sem deixar de lado um enorme valor estético, que é demonstrado através da abordagem pitoresca dos mais variados temas, como: disputas, amores, profecias, crimes e sofrimentos. Os folhetos de cordel são, portanto, um espaço privilegiado, no qual os poetas populares brasileiros, em sua maioria nordestinos, dão vazão à sua expressão artística.
Sendo assim, a formação continuada proposta pelo programa GESTAR II, não poderia se furtar a mergulhar neste universo tão rico, tanto em termos estéticos quanto temáticos. Desta forma, na Unidade 10 do Caderno de Teoria e Prática 3 (TP3), denominada Trabalhando com gêneros textuais, tem lugar uma seção denominada Uma subclassificação do gênero poético: o cordel, na qual é realizada uma abordagem deste gênero literário, que pouco a pouco vem ganhando espaço no ambiente escolar.
UM POUCO DA HISTÓRIA DO CORDEL - Este é um tipo de literatura extremamente ligada à vida de nordestinos no campo, semi-alfabetizados, que só no início do século XX passaram a migrar para as cidades, buscando novas possibilidades de sobrevivência, e levando consigo a sua arte, repleta de histórias fantásticas, de reminiscências de seus antepassados, de causos das fazendas.
Tal arte não poderia permanecer circunscrita apenas ao grupo de agricultores nordestinos que a criava. Estes, por sua vez, passaram a divulgar seus escritos em praças e feiras, através de leituras ou cantorias dos folhetos pendurados em varais, daí a nomenclatura “literatura de cordel”, relacionada à sua forma de exposição. Os nordestinos, que eram autores, produtores e vendedores de sua própria arte, tornaram-na conhecida de outras camadas da população, divulgando-a desta maneira.
O caminho natural foi a criação de tipografias especificas para a publicação dos cordéis, que antes eram produzidos nas tipografias de jornais, assim como a criação de regras para as características gráficas dos folhetos, que passaram a ser confeccionados entre 8 e 56 páginas, de acordo com o tipo de história que contavam. Muitos autores passaram, então, a dominar todo o processo e a otimizar economicamente sua vida e a de suas famílias.
PRINCIPAIS ESTILOS E TEMAS DOS CORDÉIS - Pelejas são desafios travados entre dois personagens que combatem sobre os mais variados temas, baseados em conhecimentos culturais ou no ato de denegrir a imagem um do outro; Nos Folhetos de Circunstâncias os poetas narram notícias, informam a população sobre fatos do dia-a-dia ou sobre a vida de pessoas ilustres; Há ainda os ABCs, nos quais assuntos diversos são narrados de A a Z, uma vez que cada estrofe começa com uma das letras do alfabeto; Através dos Romances, histórias de heróis valentes e mocinhas indefesas são contadas, em sua maioria, com final feliz.
CAPAS DOS CORDÉIS – Antigamente as capas dos cordéis continham fotos de artistas e clichês de cartões postais. A partir da década de 40 passaram a trazer xilogravuras, isto é, imagens “carimbadas” a partir de entalhes, originalmente feitos em madeira, mas que já vêm sendo geradas também em borracha, pelo artista José Ferreira da Silva, o Dila, que criou a linogravura, em Caruaru. Atualmente, também há cordéis que mostram em suas capas a reprodução de desenhos ou fotos coloridas (Editora Luzeiro).
SUGESTÕES DE CORDÉIS – Os cordéis listados abaixo serviram de subsídio para alguns projetos que desenvolvi em sala de aula. Cito-os como sugestão de bons textos, que dão margem às produções mais diversas:
1. Viagem a São Saruê
2. O romance do pavão misterioso
3. Matuto apaixonado
4. Pinóquio ou o preço da mentira
5. Ganhar dinheiro é fácil, basta ler este cordel
6. Brasil – País de traficantes
7. O duelo de dois cabras da peste contra o dragão da exclusão social
COMENTANDO EXPERIÊNCIAS - É de suma relevância destacar o alto grau de envolvimento dos alunos com os trabalhos propostos acerca da literatura de cordel, assim como os excelentes resultados obtidos através de suas produções e da visão positiva que os mesmos passam a ter em relação a este tipo de literatura popular, muitas vezes relegada à margem pela chamada cultura erudita, que caracteriza os bancos escolares. Portanto, fica aqui o convite para que nós, professores, ajudemos a mudar esta realidade, levando nossos alunos a conhecerem e a se apaixonarem pelo CORDEL!


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
LÚCIO, Ana Cristina Marinho e PINHEIRO, José Hélder. Cordel na sala de aula. Série Literatura e Ensino. Livraria Duas Cidades. São Paulo: 2001.


MENSAGEM

Digo a vocês, meus amigos,
Que me lêem neste momento,
Coisa boa é o tempo
Que nos clareia os sentidos

Nos faz ouvir, refletir,
Pensar melhor, decidir,
Reformular nossa prática,
Inovar a didática

Pensando no meu falar,
Levando em conta o cordel,
Faça disso seu papel,

Pra na escola atuar
E seus alunos convidar
A descobrir o tesouro
Que é a literatura popular!

HERIKA RENALLY

2 comentários:

  1. Parabéns colega, é isso aí, está mostrando seu talento para criar, além do que eu já sabia que você tem para analisar.

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